O regime tremeu com as declarações impúdicas do Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados. Indignados, as vozes se levantaram e disseram o Senhor não pode acusar sem revelar nomes! O Senhor não pode dizer o que todos pensam à boca calada! O Senhor devia ser dos nossos! O Senhor tem responsabilidades!!!
Não nos enganemos. Esta é uma excelente técnica de publicidade para o Senhor Bastonário. Cai bem nas grandes massas críticas e descontentes dos pares que o elegeram. Diz preto no branco o que todos pensam, dizem e por vezes assistem. Mas não o disse enquanto cidadão, em conversa privada. Disse-o enquanto Bastonário da O.A. E que consequências se podem retirar daqui? Infeliz e provavelmente, nenhumas. As palavras, meu amigo, são como o vento que passa.
Quer-me parecer que tanto as declarações-bomba seca do Senhor Bastonário como as reacções indignadas dos poderes instituídos vão ter um resultado 0. Não há memória de um caso de investigação de corrupção que tenha resultado em efectivo apuramento de responsabilidades e consequente condenação. A corrupção em Portugal é um mal de vivre não assumido, não escrito. Aliás, discute-se mesmo o que será isso de corrupção? Só porque uns amigos fazem uns favores uns aos outros? Mas o que é amizade, enfim? E que é isso da coisa pública?Isto não temos de ser uns para os outros, afinal? E não precisamos todos de trabalhar e ganhar dinheiro?
Que diabo!