Li no outro dia um alegado conto de O. Wilde. Aparentemente, ele seria um conversador exímio e contava histórias como ninguém. Um maduro qualquer - lamento, não recordo quem, nem a editora, nem a traduação nem sequer o título do livro - fez uma pesquisa e acabou por reunir num livrinho uma série de contos que Wilde utilizaria na sua esfusiante vida social. Esta história chama-se "A ilusão do livre arbítrio". Personagens: limalhas grandes, limalhas pequenas e um íman. As limalhas pequenas e as limalhas grandes começam a conversar e querem ir visitar o íman. As limalhas grandes dizem que sim, que é uma excelente ideia, mas que a viagem tem de ser preparada e planeada, que não é assim à toa e sem organização que se visita o íman. As limalhas pequenas alinham na ideia, inicialmente, mas começam a ficar impacientes e a reclamar celeridade. Que querem ir ver o íman, que assim não dá, que têm mais de fazer. As limalhas grandes resistem e gera-se uma discussão encalorada sobre o assunto. Enquanto discutem, nem se apercebem que se foram aproximando cada vez mais do íman. Entretanto, as limalhas pequenas perdem a paciência. Que têm de ir já visitar o íman e que não vale a pena esperar mais. Nova discussão, onde novamente todas se aproximaram mais do íman. Lançando o grito do ipiranga, as limalhas pequenas jogam-se pelo ar na direcção do íman e arrastam consigo as limalhas grandes. Ficam todas coladas no corpo do íman, praticamente sem se mexerem. O íman ri-se sozinho, para dentro, gozando com toda a situação, pois da conversa entre elas se percebe que as limalhas estão convencidas que foram ter com o íman de sua livre e exclusiva vontade...
Tuesday, July 31, 2007
Monday, July 30, 2007
Descanso momentâneo
Começo lentamente a sossegar. A tese alienígena que tenho dentro de mim está lentamente a querer sair. Um pedaço de perna já saíu. Falta o resto. Motivação, arrancada a ferros. Palavras amigas e atentas incentivam este último esforço.
Descanso momentâneo até ao próximo ataque.
Coisas boas: não ouvi notícias e por isso não me irritei com o estado da democracia.
O calor que se vive no open space do cubículo também impede irritações demasiadas, por causa da tensão arterial.
Tudo está bem quando começa bem.
Tuesday, July 24, 2007
tira pratos e põe pratos em casa do papa ratos
É oficial. Tenho menos de um mês para finalizar a tese. Finalizar a tese implica escrevê-la; corrigi-la; revê-la toda duzentas vezes; inserir notas bibliográgicas de modo lógico, coerente e ordenado; enfim, revê-la novamente, cortar, editar, ourivar. Ainda estou na parte da escrita aos arrancos e solavancos. Então o que faço eu? Mudo a minha secretária de posição três vezes em três dias, idem para o computador; vejo blogues; faço exames médicos para verificar se não estarei mesmo doente; mando sms de socorro; atiro-me para o chão a espernear (esta é mentira, mas vou tentar isso hoje à noite).
Que lufa lufa de parvoíces...
Monday, July 23, 2007
Desabafo
Acordei em estado de ansiedade nevrótica. Pensamentos negros correm-me velozes e as dores voltaram. Serão reais? Serão fundadas? Pois sei lá. Queria não as ter e tenho-as. A ansiedade atinge picos tais que o meu cérebro bloqueia, tenho frio e arrepios, seguidos de indisposições súbitas aparentando doença grave e negra. Isto, meus amigos, é hiopocondria, da mais pura. Não a recomendo a ninguém. É um tique caro, inútil, penoso e que pode por si só provocar a(s) doença(s) inventada(s) mas fisicamente bem sentidas. Imagino cenários de ultimato patológico, seguido de internamento súbito e urgente. Magico estados sem saída, que me colocam na cama de hospital e me impedem de realizar a tese. Tudo magico e tudo imagino como se já estivesse na situação imaginada e não há nada nem ninguém, a não ser talvez eu própria, que me consiga libertar desta malha apertada de angústica com o presente e medo do futuro.
Como escrevi no início do post, hoje acordei em estado de ansidade nevrótica. Para quando a calma? Talvez quando a maldita tese seja terminada?
Friday, July 20, 2007
Nunca mais chegam as cinco
Isto de ser trabalhador por conta de outrém é diabólico. O tempo escorre devagar de mais e temos dores imaginárias por todo o lado só com a perspectiva de serem quase cinco da tarde mas não serem ainda. Muito me espera este fim de semana mas não quero saber. Quero é ir embora.
O meu colega está de joelhos no chão a tentar resolver o meu problema de perda de ligação telefónica. O que tem vantagens: não recebo quaisquer telefonemas, logo não me pedem coisas absurdas nem favores à última hora.
Mas por outro lado chamadas só do meu telemóvel, o que não pode ser. Está mal.
Nunca mais chegam as cinco, é que vos digo. Não que vos interesse, pobres leitores inexistentes. Este blog é na verdade um repositório de pensamentos vagos e acríticos ao sabor do vento das manhãs. A diferença é que hoje, escrevo também de tarde. Estão a ver o skectch do gato fedorento com uns tontos a mexerem em papéis, em movimentos sem nexo e disparando frases sem qualquer sentido ou contéudo? Tipo, compra!, vende! manda um fax!, a encomenda humrssmm, hummmm, espera já ligo e depois mais um restolhar de papéis e umas frases num papel A4? E telefones a tocar e pessoas a atender qual delas será a mais bonita que irá perceber? tra la la. Pois. Esse sketch não é fantasia. É uma infeliz semelhança com a realidade.
Hilariante
Hilariantes as declarações esta manhã na TSF. Do lado do Governo, a obscura Nação está em franca recuperação e motivação, inclusive (gosto muito do inclusive, especialmente se pronunciarmos com e fechado) do ponto de vista económico. Do lado do Bloco de Esquerda e do PCP, os portugueses vivem em franca dificuldade económica e sem esperança, motivação, ou crença no futuro que se avizinha. Do lado do PSD e do CDS, silêncio total meditativo.
Parece que estamos a falar de países diferentes. E estamos! Do lado dos governantes, há esperança no futuro e bem estar económico. Do lado dos votantes contribuintes, há redução de despesas todos os dias e recurso ao crédito. Daí o desalento. Por isso os bébés andam a nascer nas ambulâncias. É dos nervos e do fecho sucessivo de maternidades e de hospitais, porque "não dão lucro".
Ainda bem que estamos no Verão e que temos a Presidência da U.E. até Dezembro. Podemos entreter-mo-nos até lá e depois o Governo volta à carga. Giro giro era haver uma contestação geral em frente às câmaras da Europa Unida, com braçadeiras negras nos braços e cantando a Segadinha a três vozes em frente à Assembleia Nacional, perdão, Assembleia da República. Seguida de Mãe Pobre de Gente Pobre, rematado com um violento Acordai! Isso é que era.
Mas como tudo isto é triste, tudo isto é fado, tenho de ir trabalhar. Ou melhor, participar no processo dilbertiano de construção da estratégia empresarial, com aproveitamento de sinergias e tendo em vista a excelência e a qualidade dos serviços, numa perspectiva de integração vertical e horizontal dos procedimentos e requisitos de segurança, eficiência e qualidade. Esta frase absurda só é possível depois de muitos anos de treino. Não tentem isto em casa.
Bom fim de semana!
Thursday, July 19, 2007
Democracia?
Hoje acordei a pensar na democracia. Na segunda circular, esta confirmou-se. Passaram vários batedores alegremente, desviando tudo e todos com luzes azuis e tinónis estridentes, preparando a passagem veloz de carros de Estado, potentes, alemães, de vidros fumados, negros como o poder político. Ultrapassaram tudo e todos, obrigando o povo a desviar-se para não ficar com a viatura toda escavacada. Depois dessa excitação matinal, continuámos todos presos ao volante, parados na fila, olhando para o nada e suspirando para que sexta feira. Na TSF, ouvi que a segunda circular estava cortada por causa da cimeira Norte-Sul. Cheguei ao meu posto de trabalho, vi os mails - a maioria lixo não solicitado - passei os olhos pelo Público e pelo Destak e li mais umas diabrites sobre as eleições para a CML. Que o povo não vota. Que o Costa foi eleito com uma massa eleitoral equivalente ao Estádio do Glorioso. Mas o que se esperava??? Uma população preocupada em chegar a casa e com o dinheiro que não chega para os bifes, estará verdadeiramente focada na democracia? A democracia é sistema de sociedades abastadas, confortáveis, com boas casas e transportes públicos decentes, em que não é necessário carro próprio para trabalhar e onde as pessoas podem tratar dos dentes sem se arruinarem nem pedirem dinheiro emprestado - que ainda para mais tem de ser declarado, mesmo que entre marido e mulher... O que interessam as eleições intercalares para Lisboa numa sociedade desaustinada e votada ao ostracismo, vivendo permanentemente no mito da Europa que nunca chegou???
Mas boa, boa, é a notícia surpreendente de que o PS terá fretado centenas de velhinhos do interior do país, pagou-lhes excursão e um jantar e trouxe-os ao jantar de apoio a uma vitória discutível que já se conhecia de antemão. Os velhinhos mais afoitos lá responderam que não sabiam ao que vinham. Outros responderam que vinham apoiar o Costa, apesar de residirem em sítios improváveis como Celorico de Basto e Aveiras de Cima e outros locais impronunciáveis.
Democracia? Onde estás?
Wednesday, July 18, 2007
trim trim
Trim, Trim. Ele há coisas fantásticas, não há?
Quais, por exemplo?
Quais, por exemplo?
- a empregada aparecer e salvar a sala do caos maior;
- comer um bife;
- apaziguar as dores de costas;
- ler blogues fustigando Zita Seabra (agora é que tenho curiosidade de o ler, é tanta a crítica!)
- ser quarta feira o que significa que estamos muito perto de sexta feira, como diria La Palisse;
- ter vontade de escrever, só faltando concretizar.
Tuesday, July 17, 2007
Consulta de Divergências
Ontem mal pude esperar para consultar on line o motivo da minha comparência para análise fiscal. Tttuturitutiriutu cantarolei enquanto entrava na DGCI e procurava diligentemente o item Consultar e depois o enigmático Divergências. Carrreguei no botão do rato duas vezes e aparece uma tabela, muito bem feita, colorida e geométrica, onde leio Estado: Detectada (a Divergência, evidentemente); e depois na descrição da divergência, um vazio. Antes disso, uns números de referência que suponho servem para identificar a Divergência, que apontei zelosamente num post it amarelo, seguidos da expressão louca Lote:89. Ainda na convicção de que os algarismos teriam uma correspondência lógica em linguagem natural, procurei em vão por uma lista de Divergências. Nada feito. Mas a DGCI convida-me ou a justificar a divergência desde já, de modo claro, simples e objectivo; ou a enviar de imediato uma declaração de substituição.
Eu não sei em que consiste a minha divergência fiscal. Aparentemente, tenho uma perfeitamente identificada e detectada que motivou a "liquidação nula". Adoraria poder ajudar a DGCI, mas resta-me esperar, com paciência, pela notificação postal, provavelmente convidando-me a comparecer na Repartição de Finanças da minha residência, para assunto do meu interesse. Ai, que angústia. Não me bastava peso a mais, ansiedade crónica e uma tese por escrever. Agora tenho de me defender de uma divergência que não conheço. Isso é Impulse.
Monday, July 16, 2007
Dia chocho
Esteve calor esteve mas hoje chove. Melancolia acordou comigo e eu com ela. A surpresa da democracia continua escondida: PS ganhou CML. Boletins de voto estavam no mínimo parciais. PS no primeiro lugar na lista. Helena Roseta só para quem conhecia o movimento Cidadãos por Lisboa.
Ontem, festa. Casa ficou em revolução. Tive de jogar fora folhadinhos. Não gosto e nem os devo comer, colesterol obriga. Bébés por todo o lado e crianças dos outros ruidosas e amalucadas. No fim da noite, convivas condoeram-se. Tens de trabalhar amanhã, não é? Pois, confirma-se. E aqui estou. Papéis multiplicam-se e tese ainda não se fez. Ansiedade, ansiedade, ansiedade.
Breve, breve, termina o dia. IRS escolheu-me para análise. Mas porquê, meu deus, porquê?!!! Ano sim ano não, escolhem-me. Cumpro tudo escrupulosamente, entrego sempre a tempo e mesmo assim consigo sempre fazer uma interpretação das declarações não conforme com o Pensamento Fiscal Único. Bha.
Thursday, July 12, 2007
Neurónio Único
resta um neurónio que está prestes a derreter pela cadeira abaixo.
uma forte dor de costas empurra o pensamento pelo abismo.
quero um dia de férias sem estar doente.
está decidido.
uma forte dor de costas empurra o pensamento pelo abismo.
quero um dia de férias sem estar doente.
está decidido.
Wednesday, July 11, 2007
Finalmente, o Verão!
Pois até que enfim um calor que se sente e pressente. Sim senhora agora sim. Estas ventanias e este sol tímido estavam a perturbar os nativos. Ontem pude comprar um chapéu e tudo, que não aguentava a canícula em cima do neurónio enquanto me arrastava pela Av. da Igreja em busca de almoço.
Mas o que é que isto interessa? Nada, naturalmente. Esse é justamente o problema dos blogs. Ou somos muito criativos e temos sempre coisas giríssimas para dizer e histórias para contar ou então o blog pode ser isto: desabafos, frases soltas que ninguém lê, opiniões sem fundamento, anedotas de salão sem sentido, sempre na esperança vã de que alguém comente, opine, insulte, ache também. Assim um pouco como se estivéssemos na fila de matrículas de alguma coisa e se comece a conversar com o companheiro de infortúnio e daí até a uma grande amizade ou um bom companheirismo tudo pode acontecer. Leio os blogs dos outros todos os dias. É assim uma espécie de entrada em várias salas de convívio para ver o que está a dar. Nunca comento, claro. A timidez é demasiada. Blog, para que te quero afinal?
Finalmente, o Verão! E podia andar assim em círculos até ao infinito.
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