E pronto. Já chegou o temido Natal.
Toca a labutar para nos reunirmos todos, com esforço e ressentimento.
Mas porquê? porquê?
Friday, December 21, 2007
Monday, November 12, 2007
D. Anabela - Um exercício banal.
Anabela boceja em frente ao écran de computador, enquanto faz umas palavras cruzadas, disfarçada e incógnita. Pensa que se um dia não aparecesse no trabalho, ninguém daria pela ausência.
Comodamente instalada, tem vários papéis espalhados pela secretária, em molhes díspares e soltos, pois os anos todos na repartição pública ensinaram-na a nunca parecer ociosa.
Bocejo, mais uma vez. Oh para quando o Verão?, pensa enquanto de língua de fora e lápis pequeno traça os caracteres de umais uma palavra nova que aprendeu: pusilânime. Anda com vontade de atirar bem atirado um forte pusilânime ao seu chefe, o Sr. Antunes, que desde que a mulher morreu anda murcho e sem graça e corre para a casa de banho de cinco em cinco minutos, fungando como se fosse fumador inveterado. Mas a definição do dicionário da Texto Editora também não se aplica assim tanto a ele. O Sr. Antunes não é propriamente cobarde nem medroso, é apenas o Sr. Antunes, viúvo, conhecem-se vai para cinco anos, nunca lhe faltou ao respeito, dá-lhe umas notificações que ela arquiva cuidadosamente numa pasta preta que diz Notificações, um dia destes vai ter de começar a numerá-las que no outro dia apareceu aí uma reclamação e ela viu-se aflita que não encontrava a notificação 0187/86.05.97, o diabo os carregue a todos, que se não fosse o Ricardo, rapaz novo e bem parecido que coitadinho se licenciou em Relações Internacionais e anda fazendo de conta que gosta de trabalhar nos Correios da Damaia, Buraca. Pobre moço, vai de lambreta. Ao menos eu venho de comboio, que as lambretas são perigosas já o meu paizinho o dizia, que deus o tem que deus o levou.
Anabela sabe que um dia ainda lhe cortam as vazas, tiram-lhe o tapete, fazem-lhe a folha. Mas está atenta e sabe disfarçar bem. Para com os seus botões pensa no que poderá fazer para o jantar. Hmmm... uns pastelzinhos de bacalhau do Sr. Carlos? Acompanhados com arrozinho de tomate solto? Já não lhe apetece cozinhar e o cheiro a fritos enjoa-lhe a narina sensível. Hoje de manhã como era segunda feira decidiu atacar o dia com uma saia plissada cinzenta que lhe rodeia a cintura e a faz sentir mais nova, mais a blusa aos folhos que ainda no outro dia comprou quando foi ao Colombo mais a prima Gertrudes. Até reparou que o senhor do quinto esquerdo, que apanha o comboio das 8h27 e sai em Entrecampos como ela a olhou com olhar de gula, que ela bem sentiu enquanto lê as gordas do Destak, que não tem tempo para ler os artigos de fundo. De vez em quando dá uma mirada aos pensamentos da D. Luísa, não percebe porque é que há uns tontos que a insultam , não entende, não gostam, não leiam, ora essa?O Sr. Antunes sai da casa de banho e ela endireita as costas. O homem está com olheiras coitado, ó Sr. Antunes que cara é essa que parece que viu um fantasma? O Sr. Antunes encolhe os ombros, cofia o bigode já ralo e suspira para quem quer ouvir ò D. Anabela, quem me dera ter a sua idade, que isto nós passamos e o tempo fica, e o que importa é ter saúde que já não a tenho.
Está quase hora de arrumar a mala e sair, que ainda tem de passar pelo Sr. Carlos, que fecha às sete e não quer perder o Malcata, que tem sempre umas perguntas tão interessantes. Bom, ela podia ter estudado mas na altura, que podia ela fazer, com a mãezinha doente, os irmãos na tropa e ela sem instrução?
Comodamente instalada, tem vários papéis espalhados pela secretária, em molhes díspares e soltos, pois os anos todos na repartição pública ensinaram-na a nunca parecer ociosa.
Bocejo, mais uma vez. Oh para quando o Verão?, pensa enquanto de língua de fora e lápis pequeno traça os caracteres de umais uma palavra nova que aprendeu: pusilânime. Anda com vontade de atirar bem atirado um forte pusilânime ao seu chefe, o Sr. Antunes, que desde que a mulher morreu anda murcho e sem graça e corre para a casa de banho de cinco em cinco minutos, fungando como se fosse fumador inveterado. Mas a definição do dicionário da Texto Editora também não se aplica assim tanto a ele. O Sr. Antunes não é propriamente cobarde nem medroso, é apenas o Sr. Antunes, viúvo, conhecem-se vai para cinco anos, nunca lhe faltou ao respeito, dá-lhe umas notificações que ela arquiva cuidadosamente numa pasta preta que diz Notificações, um dia destes vai ter de começar a numerá-las que no outro dia apareceu aí uma reclamação e ela viu-se aflita que não encontrava a notificação 0187/86.05.97, o diabo os carregue a todos, que se não fosse o Ricardo, rapaz novo e bem parecido que coitadinho se licenciou em Relações Internacionais e anda fazendo de conta que gosta de trabalhar nos Correios da Damaia, Buraca. Pobre moço, vai de lambreta. Ao menos eu venho de comboio, que as lambretas são perigosas já o meu paizinho o dizia, que deus o tem que deus o levou.
Anabela sabe que um dia ainda lhe cortam as vazas, tiram-lhe o tapete, fazem-lhe a folha. Mas está atenta e sabe disfarçar bem. Para com os seus botões pensa no que poderá fazer para o jantar. Hmmm... uns pastelzinhos de bacalhau do Sr. Carlos? Acompanhados com arrozinho de tomate solto? Já não lhe apetece cozinhar e o cheiro a fritos enjoa-lhe a narina sensível. Hoje de manhã como era segunda feira decidiu atacar o dia com uma saia plissada cinzenta que lhe rodeia a cintura e a faz sentir mais nova, mais a blusa aos folhos que ainda no outro dia comprou quando foi ao Colombo mais a prima Gertrudes. Até reparou que o senhor do quinto esquerdo, que apanha o comboio das 8h27 e sai em Entrecampos como ela a olhou com olhar de gula, que ela bem sentiu enquanto lê as gordas do Destak, que não tem tempo para ler os artigos de fundo. De vez em quando dá uma mirada aos pensamentos da D. Luísa, não percebe porque é que há uns tontos que a insultam , não entende, não gostam, não leiam, ora essa?O Sr. Antunes sai da casa de banho e ela endireita as costas. O homem está com olheiras coitado, ó Sr. Antunes que cara é essa que parece que viu um fantasma? O Sr. Antunes encolhe os ombros, cofia o bigode já ralo e suspira para quem quer ouvir ò D. Anabela, quem me dera ter a sua idade, que isto nós passamos e o tempo fica, e o que importa é ter saúde que já não a tenho.
Está quase hora de arrumar a mala e sair, que ainda tem de passar pelo Sr. Carlos, que fecha às sete e não quer perder o Malcata, que tem sempre umas perguntas tão interessantes. Bom, ela podia ter estudado mas na altura, que podia ela fazer, com a mãezinha doente, os irmãos na tropa e ela sem instrução?
Wednesday, September 26, 2007
Olá, Olá
Esta é a minha tentativa de sorrir. Dizem-me que o sorriso melhora tudo. Então ando a praticar, a dizer olá olá a toda a gente e sorrindo. Estou a aprender esta técnica no Yoga. Ou Yôga, como dizem.
Ontem consegui tocar com a perna esquerda na mão direita, numa posição bastante estranha, mas senti uma imensa alegria com esse pequeno sucesso. A perna direita recusou-se a fazer o mesmo e caí várias vezes enquanto tentava posições de equilíbrio, mas foi uma sessão pessoalmente muito divertida.
Olá, Olá!
Tuesday, September 25, 2007
Alheamento
Passo pelos dias em alheamento aéreo. Pergunto-me o que se passa no Mundo? Entro em casa e vejo que o Mundo se parece ter concentrado na minha sala. Papéis e facturas por todo o lado, sabonetes misturados com blasers e roupa de ginástica. Será fartura?
Ontem fui visitar uma prima valente e de cabelos revoltos, já perto dos 65, atirada para a cama da CUF com dois AVC seguidos para não ser atrevida. Resmungou que eram uns chatos e que tinha deixado de fumar. Perguntou-nos quando é que eu saio daqui? Todos lhe dissemos, deixa-te estar que estás bem. Ela riu-se e atendeu o telefone com a mão esquerda. Não me recordo dela ser canhota...Em frente, umas casas com quintais semi abandonados, um rapaz de óculos preparando o jantar numa frigideira. Olhei brevemente e vim-me embora. Subi a rua íngreme até ao MNE. Entrei no carro e fui prosseguindo no dia. O resto dos convivas ficou lá, perguntando sobre aquele e outro e comentando os namoros de fulano e beltrano. Jogando conversa fora e gozando o sol de fim de tarde plainando sobre a varanda do quarto.
Wednesday, September 19, 2007
Serenamento
A tese entregue, avaliada, o diploma nas unhas. Mestre cum laude. Valeram o esforço e a paciência inesgotável dos que me rodeiam.
Agora, inicio processo de serenamento.
Há que arrumar, limpar, catalogar, soprar, pôr a casa em ordem, as facturas em linha, aspirar a cabeça, pentear os cabelos, passar os lençõis e esticá-los como se fossem uma tela. Deixar entrar o sol e as ideias frescas e renovar amizades.
Repousar, recomeçar, serenar.
Oh que calma vai caindo...
Tuesday, September 04, 2007
Prova de esforço
Não me recordo o que escrevi nem sou capaz de ter uma noção objectiva da qualidade do trabalho. Mas lá que o dito foi mandado a tempo e revisto com a consciência possível, atento o cansaço, o calor e o desânimo, lá isso foi. E agora, aguardo. Ainda não tenho a sensação de alívio, pois o aturdimento continua. Será que escrevi mesmo? Sim, escreveste. Arruma o assunto, parte para outra.
Wednesday, August 01, 2007
É lá com eles...
Ontem de manhã enquanto afastava a neblina de sono do globo ocular e tentava acertar com a torneira de água fria para não queimar as pernas como uma demente, ouvia rádio ao longe. Debitavam umas frases sem nexo, pelo menos para o meu cérebro ainda com teias de aranha de sono, mas registei que tinham escrito um livro sobre o assassino de (Santa) Comba Dão. Resmunguei para quem queria ouvir - e mesmo para quem não queria ouvir - olha que original, mais um livro sobre Salazar. Nem liguei mais ao assunto e lancei-me à difícil tarefa do duche matinal. Já sóbria e calçando sapatos da mesma cor, li hoje no Público que o assassino de (Santa) Comba Dão - lá lá está ele outra vez - tinha sido condenado a 25 anos de prisão e que não sei quem tinha escrito um livro sobre esse misterioso tri-homicídio perpretado por ex-cabo da GNR na reserva. Só aí me apercebi que as minhas referências culturais começam a ficar perigosamente datadas. Assassino de (Santa) Comba Dão...afinal não é Salazar. Podia ser, no sentido metafórico ou Tarrafálico do termo, mas não é. É para designar um pobre diabo que se punha à janela a observar as miúdas e depois as matou. Os vizinhos repararam certamente na vigilância cerrada que o homem fazia às vítimas, mas devem ter encolhido os ombros - é lá com eles, suspiram o bom português e a boa portuguesa, mesmo perante a evidência de que alguém não terá os alqueires bem medidos. É lá com eles, suspiramos todos, que eu não me meto na vida de ninguém. No fundo, vai dar tudo ao mesmo. Não queremos saber das coisas para nada, a política é lá com eles, a criancinha chorosa e com marcas de pancada é lá com os pais, a mulher que bate no marido e o marido que bate na mulher é lá com eles, o patrão que abusa é lá com eles, tudo é lá com eles. Até ao dia em que eles passam a ser nós e mudamos de atitude. Mas então será, provavelmente, tarde de mais.
notícias frescas do dia em estilo telegrama
café bairro não serviu café stop máquina avariou stop não tinham luz stop I. caíu bicicleta stop hospital sangue stop associação portuguesa amigos sestas 220 sócios stop assembleia da república contrata actores deputados stop cartoon Público stop descobri divergência fiscal stop sem pachorra fila finanças Reboleira stop puro preconceito stop tese avançou 2mm stop pais rumo algarve stop 2ª circular s/ trânsito stop R. resolve assuntos Lx stop dez e meia stop
trabalho stop.
Curioser and curioser!, cried Alice (...)
trabalho stop.
Curioser and curioser!, cried Alice (...)
Tuesday, July 31, 2007
As limalhas e o íman
Li no outro dia um alegado conto de O. Wilde. Aparentemente, ele seria um conversador exímio e contava histórias como ninguém. Um maduro qualquer - lamento, não recordo quem, nem a editora, nem a traduação nem sequer o título do livro - fez uma pesquisa e acabou por reunir num livrinho uma série de contos que Wilde utilizaria na sua esfusiante vida social. Esta história chama-se "A ilusão do livre arbítrio". Personagens: limalhas grandes, limalhas pequenas e um íman. As limalhas pequenas e as limalhas grandes começam a conversar e querem ir visitar o íman. As limalhas grandes dizem que sim, que é uma excelente ideia, mas que a viagem tem de ser preparada e planeada, que não é assim à toa e sem organização que se visita o íman. As limalhas pequenas alinham na ideia, inicialmente, mas começam a ficar impacientes e a reclamar celeridade. Que querem ir ver o íman, que assim não dá, que têm mais de fazer. As limalhas grandes resistem e gera-se uma discussão encalorada sobre o assunto. Enquanto discutem, nem se apercebem que se foram aproximando cada vez mais do íman. Entretanto, as limalhas pequenas perdem a paciência. Que têm de ir já visitar o íman e que não vale a pena esperar mais. Nova discussão, onde novamente todas se aproximaram mais do íman. Lançando o grito do ipiranga, as limalhas pequenas jogam-se pelo ar na direcção do íman e arrastam consigo as limalhas grandes. Ficam todas coladas no corpo do íman, praticamente sem se mexerem. O íman ri-se sozinho, para dentro, gozando com toda a situação, pois da conversa entre elas se percebe que as limalhas estão convencidas que foram ter com o íman de sua livre e exclusiva vontade...
Monday, July 30, 2007
Descanso momentâneo
Começo lentamente a sossegar. A tese alienígena que tenho dentro de mim está lentamente a querer sair. Um pedaço de perna já saíu. Falta o resto. Motivação, arrancada a ferros. Palavras amigas e atentas incentivam este último esforço.
Descanso momentâneo até ao próximo ataque.
Coisas boas: não ouvi notícias e por isso não me irritei com o estado da democracia.
O calor que se vive no open space do cubículo também impede irritações demasiadas, por causa da tensão arterial.
Tudo está bem quando começa bem.
Tuesday, July 24, 2007
tira pratos e põe pratos em casa do papa ratos
É oficial. Tenho menos de um mês para finalizar a tese. Finalizar a tese implica escrevê-la; corrigi-la; revê-la toda duzentas vezes; inserir notas bibliográgicas de modo lógico, coerente e ordenado; enfim, revê-la novamente, cortar, editar, ourivar. Ainda estou na parte da escrita aos arrancos e solavancos. Então o que faço eu? Mudo a minha secretária de posição três vezes em três dias, idem para o computador; vejo blogues; faço exames médicos para verificar se não estarei mesmo doente; mando sms de socorro; atiro-me para o chão a espernear (esta é mentira, mas vou tentar isso hoje à noite).
Que lufa lufa de parvoíces...
Monday, July 23, 2007
Desabafo
Acordei em estado de ansiedade nevrótica. Pensamentos negros correm-me velozes e as dores voltaram. Serão reais? Serão fundadas? Pois sei lá. Queria não as ter e tenho-as. A ansiedade atinge picos tais que o meu cérebro bloqueia, tenho frio e arrepios, seguidos de indisposições súbitas aparentando doença grave e negra. Isto, meus amigos, é hiopocondria, da mais pura. Não a recomendo a ninguém. É um tique caro, inútil, penoso e que pode por si só provocar a(s) doença(s) inventada(s) mas fisicamente bem sentidas. Imagino cenários de ultimato patológico, seguido de internamento súbito e urgente. Magico estados sem saída, que me colocam na cama de hospital e me impedem de realizar a tese. Tudo magico e tudo imagino como se já estivesse na situação imaginada e não há nada nem ninguém, a não ser talvez eu própria, que me consiga libertar desta malha apertada de angústica com o presente e medo do futuro.
Como escrevi no início do post, hoje acordei em estado de ansidade nevrótica. Para quando a calma? Talvez quando a maldita tese seja terminada?
Friday, July 20, 2007
Nunca mais chegam as cinco
Isto de ser trabalhador por conta de outrém é diabólico. O tempo escorre devagar de mais e temos dores imaginárias por todo o lado só com a perspectiva de serem quase cinco da tarde mas não serem ainda. Muito me espera este fim de semana mas não quero saber. Quero é ir embora.
O meu colega está de joelhos no chão a tentar resolver o meu problema de perda de ligação telefónica. O que tem vantagens: não recebo quaisquer telefonemas, logo não me pedem coisas absurdas nem favores à última hora.
Mas por outro lado chamadas só do meu telemóvel, o que não pode ser. Está mal.
Nunca mais chegam as cinco, é que vos digo. Não que vos interesse, pobres leitores inexistentes. Este blog é na verdade um repositório de pensamentos vagos e acríticos ao sabor do vento das manhãs. A diferença é que hoje, escrevo também de tarde. Estão a ver o skectch do gato fedorento com uns tontos a mexerem em papéis, em movimentos sem nexo e disparando frases sem qualquer sentido ou contéudo? Tipo, compra!, vende! manda um fax!, a encomenda humrssmm, hummmm, espera já ligo e depois mais um restolhar de papéis e umas frases num papel A4? E telefones a tocar e pessoas a atender qual delas será a mais bonita que irá perceber? tra la la. Pois. Esse sketch não é fantasia. É uma infeliz semelhança com a realidade.
Hilariante
Hilariantes as declarações esta manhã na TSF. Do lado do Governo, a obscura Nação está em franca recuperação e motivação, inclusive (gosto muito do inclusive, especialmente se pronunciarmos com e fechado) do ponto de vista económico. Do lado do Bloco de Esquerda e do PCP, os portugueses vivem em franca dificuldade económica e sem esperança, motivação, ou crença no futuro que se avizinha. Do lado do PSD e do CDS, silêncio total meditativo.
Parece que estamos a falar de países diferentes. E estamos! Do lado dos governantes, há esperança no futuro e bem estar económico. Do lado dos votantes contribuintes, há redução de despesas todos os dias e recurso ao crédito. Daí o desalento. Por isso os bébés andam a nascer nas ambulâncias. É dos nervos e do fecho sucessivo de maternidades e de hospitais, porque "não dão lucro".
Ainda bem que estamos no Verão e que temos a Presidência da U.E. até Dezembro. Podemos entreter-mo-nos até lá e depois o Governo volta à carga. Giro giro era haver uma contestação geral em frente às câmaras da Europa Unida, com braçadeiras negras nos braços e cantando a Segadinha a três vozes em frente à Assembleia Nacional, perdão, Assembleia da República. Seguida de Mãe Pobre de Gente Pobre, rematado com um violento Acordai! Isso é que era.
Mas como tudo isto é triste, tudo isto é fado, tenho de ir trabalhar. Ou melhor, participar no processo dilbertiano de construção da estratégia empresarial, com aproveitamento de sinergias e tendo em vista a excelência e a qualidade dos serviços, numa perspectiva de integração vertical e horizontal dos procedimentos e requisitos de segurança, eficiência e qualidade. Esta frase absurda só é possível depois de muitos anos de treino. Não tentem isto em casa.
Bom fim de semana!
Thursday, July 19, 2007
Democracia?
Hoje acordei a pensar na democracia. Na segunda circular, esta confirmou-se. Passaram vários batedores alegremente, desviando tudo e todos com luzes azuis e tinónis estridentes, preparando a passagem veloz de carros de Estado, potentes, alemães, de vidros fumados, negros como o poder político. Ultrapassaram tudo e todos, obrigando o povo a desviar-se para não ficar com a viatura toda escavacada. Depois dessa excitação matinal, continuámos todos presos ao volante, parados na fila, olhando para o nada e suspirando para que sexta feira. Na TSF, ouvi que a segunda circular estava cortada por causa da cimeira Norte-Sul. Cheguei ao meu posto de trabalho, vi os mails - a maioria lixo não solicitado - passei os olhos pelo Público e pelo Destak e li mais umas diabrites sobre as eleições para a CML. Que o povo não vota. Que o Costa foi eleito com uma massa eleitoral equivalente ao Estádio do Glorioso. Mas o que se esperava??? Uma população preocupada em chegar a casa e com o dinheiro que não chega para os bifes, estará verdadeiramente focada na democracia? A democracia é sistema de sociedades abastadas, confortáveis, com boas casas e transportes públicos decentes, em que não é necessário carro próprio para trabalhar e onde as pessoas podem tratar dos dentes sem se arruinarem nem pedirem dinheiro emprestado - que ainda para mais tem de ser declarado, mesmo que entre marido e mulher... O que interessam as eleições intercalares para Lisboa numa sociedade desaustinada e votada ao ostracismo, vivendo permanentemente no mito da Europa que nunca chegou???
Mas boa, boa, é a notícia surpreendente de que o PS terá fretado centenas de velhinhos do interior do país, pagou-lhes excursão e um jantar e trouxe-os ao jantar de apoio a uma vitória discutível que já se conhecia de antemão. Os velhinhos mais afoitos lá responderam que não sabiam ao que vinham. Outros responderam que vinham apoiar o Costa, apesar de residirem em sítios improváveis como Celorico de Basto e Aveiras de Cima e outros locais impronunciáveis.
Democracia? Onde estás?
Wednesday, July 18, 2007
trim trim
Trim, Trim. Ele há coisas fantásticas, não há?
Quais, por exemplo?
Quais, por exemplo?
- a empregada aparecer e salvar a sala do caos maior;
- comer um bife;
- apaziguar as dores de costas;
- ler blogues fustigando Zita Seabra (agora é que tenho curiosidade de o ler, é tanta a crítica!)
- ser quarta feira o que significa que estamos muito perto de sexta feira, como diria La Palisse;
- ter vontade de escrever, só faltando concretizar.
Tuesday, July 17, 2007
Consulta de Divergências
Ontem mal pude esperar para consultar on line o motivo da minha comparência para análise fiscal. Tttuturitutiriutu cantarolei enquanto entrava na DGCI e procurava diligentemente o item Consultar e depois o enigmático Divergências. Carrreguei no botão do rato duas vezes e aparece uma tabela, muito bem feita, colorida e geométrica, onde leio Estado: Detectada (a Divergência, evidentemente); e depois na descrição da divergência, um vazio. Antes disso, uns números de referência que suponho servem para identificar a Divergência, que apontei zelosamente num post it amarelo, seguidos da expressão louca Lote:89. Ainda na convicção de que os algarismos teriam uma correspondência lógica em linguagem natural, procurei em vão por uma lista de Divergências. Nada feito. Mas a DGCI convida-me ou a justificar a divergência desde já, de modo claro, simples e objectivo; ou a enviar de imediato uma declaração de substituição.
Eu não sei em que consiste a minha divergência fiscal. Aparentemente, tenho uma perfeitamente identificada e detectada que motivou a "liquidação nula". Adoraria poder ajudar a DGCI, mas resta-me esperar, com paciência, pela notificação postal, provavelmente convidando-me a comparecer na Repartição de Finanças da minha residência, para assunto do meu interesse. Ai, que angústia. Não me bastava peso a mais, ansiedade crónica e uma tese por escrever. Agora tenho de me defender de uma divergência que não conheço. Isso é Impulse.
Monday, July 16, 2007
Dia chocho
Esteve calor esteve mas hoje chove. Melancolia acordou comigo e eu com ela. A surpresa da democracia continua escondida: PS ganhou CML. Boletins de voto estavam no mínimo parciais. PS no primeiro lugar na lista. Helena Roseta só para quem conhecia o movimento Cidadãos por Lisboa.
Ontem, festa. Casa ficou em revolução. Tive de jogar fora folhadinhos. Não gosto e nem os devo comer, colesterol obriga. Bébés por todo o lado e crianças dos outros ruidosas e amalucadas. No fim da noite, convivas condoeram-se. Tens de trabalhar amanhã, não é? Pois, confirma-se. E aqui estou. Papéis multiplicam-se e tese ainda não se fez. Ansiedade, ansiedade, ansiedade.
Breve, breve, termina o dia. IRS escolheu-me para análise. Mas porquê, meu deus, porquê?!!! Ano sim ano não, escolhem-me. Cumpro tudo escrupulosamente, entrego sempre a tempo e mesmo assim consigo sempre fazer uma interpretação das declarações não conforme com o Pensamento Fiscal Único. Bha.
Thursday, July 12, 2007
Neurónio Único
resta um neurónio que está prestes a derreter pela cadeira abaixo.
uma forte dor de costas empurra o pensamento pelo abismo.
quero um dia de férias sem estar doente.
está decidido.
uma forte dor de costas empurra o pensamento pelo abismo.
quero um dia de férias sem estar doente.
está decidido.
Wednesday, July 11, 2007
Finalmente, o Verão!
Pois até que enfim um calor que se sente e pressente. Sim senhora agora sim. Estas ventanias e este sol tímido estavam a perturbar os nativos. Ontem pude comprar um chapéu e tudo, que não aguentava a canícula em cima do neurónio enquanto me arrastava pela Av. da Igreja em busca de almoço.
Mas o que é que isto interessa? Nada, naturalmente. Esse é justamente o problema dos blogs. Ou somos muito criativos e temos sempre coisas giríssimas para dizer e histórias para contar ou então o blog pode ser isto: desabafos, frases soltas que ninguém lê, opiniões sem fundamento, anedotas de salão sem sentido, sempre na esperança vã de que alguém comente, opine, insulte, ache também. Assim um pouco como se estivéssemos na fila de matrículas de alguma coisa e se comece a conversar com o companheiro de infortúnio e daí até a uma grande amizade ou um bom companheirismo tudo pode acontecer. Leio os blogs dos outros todos os dias. É assim uma espécie de entrada em várias salas de convívio para ver o que está a dar. Nunca comento, claro. A timidez é demasiada. Blog, para que te quero afinal?
Finalmente, o Verão! E podia andar assim em círculos até ao infinito.
Friday, June 29, 2007
A vida de um rapaz pobre
Os trogloditas invadiram o seu cérebro. Ficou vazio e sem paciência. Cinema? Não tem paciência. Teatro? Não tem paciência. Queres umas calças pretas ou umas calças brancas? Não tem paciência. Esgota-se o pobre rapaz com tanta estabilidade e conforto. Quer aventuras radicais e sonha com aventuras delirantes em que ele, o herói, sai triunfante nos braços da multidão depois de salvar o mundo de uma catástrofe ambiental. Fecha os olhos e imagina-se nuam praia azul de areia cinzenta, com um vulcão em erupção ao fundo e vê-se flutuando por cima das cinzas, sem um arranhão, mas feliz por ter saído do seu cubículo. À noite, lê o Dilbert aos quadradinhos para se identificar com as desgraças dos colaboradores de outras empresas. As desgraças são sempre relativas, claro. Se não tivesse emprego, o nosso rapaz do subúrbio estaria bem mais infeliz, mas não estaria mais vivo? Mais criativo? Oh, sim, o carro, a casa, a comidinha, o seguro, o irs, o nosso pobre herói não foi preparado para as coisas do real quotidiano, pensou talvez que tudo seria mais fluido. Disseste fluido ou florido? Disse as duas coisas. Pensou ele. Que tendo emprego, não estaria a contar os tostões. Que, tendo casa, as suas conquistas amorosas iriam de vento em popa. Que, tendo carro, poderia passear-se pela marginal e os domingos não seriam vazios. Come chocolates, pequeno, come chocolates, não há maior metafísica do que comer chocolates! E ele come, pedaços gordos de chocolate negro de culinária, antes durante e depois das refeições. No dia seguinte, a rotina espera-o, pacata e serena. A segunda circular, o carro a pedir gasolina, as notícias da tsf, as politiquices do nosso pequeno rectângulo. O nosso rapaz fecha os olhos outra vez e olha para o relógio na esperança de que sejam seis da tarde. Mas não são.
Humm... E se fizesses uma informação? Um telefonema? Uma consulta de saldos? Uma combinação para café, chá ou laranjada? Não? Mmmmm.... E se fizesses uma pausa para KitKat? Não? Talvez Coca-Cola? Também não? E se fosses dar banho ao cão? Como dizes? Não tens cão? Bom, o teu caso é bicudo. Tens emprego, tens casa, tens companhia, tens amigos, tens saúde, tens música, tens livros, tens meias quentes de inverno e meias frescas de verão, que mais queres tu? pergunta-lhe o Coro, levantado e de cabelos eriçados e peito ufano, a roçar alguma impaciência.
Quero sentir-me vivo. Mas, principalmente, não quero nada do que tenho e quero tudo o que não tenho.
Sexta-Feira Santa
Chegamos finalmente ao último dia da semana. Hoje é o meu último dia com 34 anos.
E que faço eu com tantos anos? Circulo por aí. Tenho neuras e dúvidas existenciais como quando tinha 15 anos, só que agora tenho cabelos brancos e mais - bastantes mais - kilos.
Ah, trabalho, claro. No trabalho está a virtude, o trabalho é uma benção, explicam-me. Sim....o que não se faz para pagar a renda?
Por volta dos 30 - há quem seja precoce e descubra bastante mais cedo - compenetramo-nos que 1. não somos génios; 2. não vamos mudar o mundo; 3. a critatividade paga-se.
E assim o taxi vai correndo.
E que faço eu com tantos anos? Circulo por aí. Tenho neuras e dúvidas existenciais como quando tinha 15 anos, só que agora tenho cabelos brancos e mais - bastantes mais - kilos.
Ah, trabalho, claro. No trabalho está a virtude, o trabalho é uma benção, explicam-me. Sim....o que não se faz para pagar a renda?
Por volta dos 30 - há quem seja precoce e descubra bastante mais cedo - compenetramo-nos que 1. não somos génios; 2. não vamos mudar o mundo; 3. a critatividade paga-se.
E assim o taxi vai correndo.
Wednesday, June 27, 2007
Achismo
Talvez acabem com a ADSE.
Talvez acabem com horários de trabalho.
Talvez se construa o Aeroporto na Ota, em Alcochete ou em Sintra.
Talvez haja referendo sobre o Novo Tratado da U.E. mas o que importa é que este se venha a chamar Tratado de Lisboa.
O Governo talvez adopte essas medidas ou outras.
Isso pouco importa.
Seja o que for que seja adoptado, a inércia reactiva é profunda.
Nos cafés e no trabalho ouço comentários convictos que isto - seja lá o que for - era necessário. Que é preciso pôr fim no regabofe.
Que se acabem as mordomias.
Que há muita malta aí que não quer é fazer nenhum.
Que é um escândalo.
Também acho.
Não sei porquê nem de que falam, mas onde acha um português acham logo dois ou três. Querem ver?
- Ó António, tu não achas que amanhã chove/faz sol?
- Sim, acho. Quer dizer, acho que pode chover ou fazer sol. Acho mesmo é que o meu salário é uma miséria e os políticos uma cambada.
ou
- Tu não achas que devia haver um referendo sobre swkhdkhjgfhroei?
- Acho! Acho isso e o contrário! Ah e os professores não fazem nada e os advogados são uns grandes malandros!
ou
- Acho que a Beltrana anda muito esquisita.
- Tens razão. Acho que lhe deu uma neura quando lhe mandaram uma notificação para pagar IRS por conta.
- Acho isso mal.
- Também acho.
ou
- Acho que vou almoçar.
- Acho que me vou embora.
- A que horas achas que chegas amanhã?
- Acho que amanhã devo chegar aí pelas 9 (grande mentira).
- Acho que acabei de furar um pneu.
- Não quero meter-me na vida das pessoas, deus me livre, mas acho que o Manel deu com a língua nos dentes.
Transe do achismo.
Acho bem.
Friday, June 15, 2007
zzzzzzz
Regresso ao burgo, depois de dez dias de ausência, que me pareceram 30 dias ou mesmo um mês. :) Aparentemente, a OTA vai ser em Alcochete, ou então a decisão foi congelada, não percebi muito bem, as notícias são sempre inseguras e imprecisas. O tempo está chuvoso, o ambiente laboral adormecido. O Governo chegou a acordo com um sindicato e ficou muito contente. Os professores parecem andar calminhos, deve ser do stress de se aguentarem com 950 Euros por mês, isso tira muita energia ao nativo. Uma amiga quer um emprego novo. Não queremos todos?
Novo jornal gratuito (o Meia Hora). Tento gostar de o ler mas é mais forte do que eu. Os artigos são iguais a muitos outros, o aspecto gráfico é menos agressivo. Ainda tem de encontrar um estilo, acabo por opinar. Perguntam-me pelo networking. Desculpa? Qual networking? Onde é que isso se compra?
Nadar, urge ir nadar.
Banco, empréstimo, prestação da casa que não para de subir, o carro continua a pedir gasolina, a roupa deixou de servir, o cabelo cresceu como vegetação, quero coisas positivas na minha vida e esbarro com a conta crédito ordenado, bendita seja.
Hoje, vou ver o novo espaço da Livraria Ler Devagar, na Fábrica Braço de Prata. Uma amiga vai lá expôr, valente, continua a trabalhar e a criar sem se amedontrar com as contas por pagar. Assim é que é!
Amanhã, bom programa: Magnificat, de Bach, Coro de Câmara da Universidade de Lisboa e Orquestra Sinfonietta de Lisboa, Igreja de S. Roque, 21H30.
Mais pensamentos vagos um dia destes.
Boa sexta feira a todos!
Monday, June 11, 2007
Canais de Leiden
Vim para Leiden estudar e pesquisar para a tese. Nome pomposo para dormir até ao meio dia, olhar fixamente para o écran da magnífica biblioteca, beber cerveja, dormir sestas e no final de uma semana reunir seis artigos, ler metade de um livro e ter ataques de nervos porque Leiden tem muitos canais. Canais que circundam a cidade e nos levam sempre ao ponto de partida. Leiden é uma cidade de estudo, de parco entretenimento, habitada por estudantes Erasmus e holandeses reservados que nos dizem sempre obrigada e enjoy! quando nos trazem uma sandwich de salmão com cream e bagel ou outra coisa qualquer igualmente nutritiva. Hoje B. levou-me ao supermercado de bicicleta sem travões e foi uma experiência de pânico e de euforia, em simultâneo. Senti-me quase integrada, numa bicicleta que já conheceu melhores dias, fazendo tchlac, tchlac, com um saco de compras na mão direita e desafiando todos os carros e peões, pois aqui somos reis e ninguém nos desobedece uma vez em cima de uma bicicleta. Ontem foi o Festival Internacional Cultural, passeei sem norte pelas barraquinhas da Albânia, Paquistão, USA, Indonésia, comi tudo o que me ofereceram e engoli um shot albanês para gáudio da menina vestida de trajes típicos e que me avisou oh it´s very strong. Era strong q.b. mas em Leiden nada acontece ao domingo à tarde por isso a seguir bebi mais duas cervejas e emborquei duas coca cola light por causa das calorias e a seguir atirei-me aos folhados gregos. Depois vim para casa, vi um filme, muito bom por sinal, thank you for smoking e voltei à festa. B. estava pronto para regressar a casa e tinha um crachá a dizer Cíntia, da Colômbia.
Leiden, cidade mágica.
Depois, Lx, Capital do Império.
Amanhã, quem sabe?
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